Background: Direct-acting antivirals (DAA) have revolutionized hepatitis C treatment, with high sustained virological response (SVR) rates reported, even in historically difficult-to-treat groups. SVR is associated with a decreased risk of hepatocellular carcinoma (HCC), need for transplantation, and overall and liver-related mortality. Data from real-life cohorts on the medium- to long-term outcomes of patients with advanced liver disease and DAA-induced SVR are still missing.
Objectives: To report and analyze the long-term outcomes of DAA-induced SVR in a real-life cohort of patients with advanced liver disease.
Method: In this retrospective, longitudinal, single-center study, we collected data from patients with chronic hepatitis C infection and advanced liver disease (cirrhosis or advanced fibrosis) that had initiated DAA treatment between February 2015 and January 2017.
Results: A total of 237 patients were included. A treatment completion rate of 98.7% and an SVR rate of 97.8% (intention to treat: 96.6%) were found. Of the 229 patients with SVR, 67.2% were cirrhotic (64.2% Child-Pugh class A; 3.1% Child-Pugh class B) and 32.8% had stage F3 fibrosis, with an average follow-up of 28 months. The overall mortality rate was 19/1,000 person-years and the liver-related mortality rate was 9.5/1,000 person-years. The hepatic decompensation incidence rate was 25/1,000 person-years and the HCC incidence rate was 11.6/1,000 person-years. There was a sustained increase in serum platelet values during up to 2 years of follow-up. A history of pretreatment decompensation and baseline platelet and albumin values were significantly associated with the occurrence of adverse liver events after the end of treatment.
Conclusions: A DAA-induced SVR remains durable and is associated with an excellent clinical prognosis in patients with compensated advanced liver disease and with improvement or disease stabilization in decompensated patients. SVR is associated with a low risk of - yet does not prevent - HCC occurrence or disease progression, especially in the presence of other causes of liver injury. It is recommended that these patients be kept under surveillance.
Resumo.
Introdução: Os antivíricos de ação direta (AAD) revolucionaram o tratamento da hepatite C ao atingirem elevadas taxas de resposta virológica sustentada (RVS), mesmo em grupos historicamente difíceis de tratar. A RVS associa-se a uma diminuição do risco de carcinoma hepatocelular (CHC), necessidade de transplantação e mortalidade, global e de causa hepática. São ainda insuficientes de coortes reais na literatura dados que permitam avaliar a extensão dos benefícios clínicos a médio-longo prazo do atingimento de uma RVS com os AAD.
Objetivos: Reportar e analisar o impacto a longo prazo da RVS numa coorte real de doentes com doença hepática avançada, tratados com AAD.
Métodos: Estudo unicêntrico, retrospetivo, longitudinal com inclusão de doentes com hepatite C crónica com cirrose ou fibrose avançada, que iniciaram tratamento com AAD de fevereiro de 2015 a janeiro de 2017.
Resultados: Foram incluídos 237 doentes. Verificou-se uma taxa de retenção no tratamento de 98.7% com uma taxa de RVS de 97.8% (intention to treat: 96.6%). Dos 229 doentes curados, 67.2% eram cirróticos (64.2%Child-Pugh A, 3.1 % Child-Pugh B) e 32.8% F3, com um seguimento médio de 28 meses. A taxa de mortalidade global foi de 19/1,000 pessoas-ano e de mortalidade associada à doença hepática de 9.5/1,000 pessoas-ano. A incidência de eventos de descompensação hepática foi de 25/1,000 pessoas-ano e a de CHC foi de 11.6/1,000 pessoas-ano. Verificou-se um aumento sustentado dos valores séricos de plaquetas até 2 anos de seguimento. A história de eventos de descompensação hepática, concentração de plaquetas e albumina prétratamento encontrou-se significativamente associada a eventos adversos hepáticos durante o seguimento.
Conclusões: A cura virológica após tratamento com AAD é sustentada no tempo, encontrando-se associada a um excelente prognóstico clínico em doentes com doença hepática avançada compensada, e a uma melhoria ou estabilização da doença em doentes descompensados. O atingimento de RVS associa-se a um baixo risco de CHC, não o eliminando, e de progressão da doença, sobretodo perante a presença de outros cofatores de agressão hepática, recomendando-se a manutenção do seguimento destes doentes.
Keywords: Antiviral agents; Hepatitis C; Hepatocellular carcinoma; Liver cirrhosis; Sustained virological response.
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